Na São Paulo do início do século XX, a jovem Glória sonha com o amor, ao contrário de sua amiga Marisa, cujo desejo é viver tão livremente quanto os homens.Glória, de família tradicional, se casa com o homem escolhido por seu pai.
Rico e ambicioso, porém emocionalmente distante, esse homem vê na esposa apenas uma prova de sua ascensão social. Incapaz de dar um herdeiro ao marido, Glória vive uma rotina de violência crescente, enquanto Marisa se casa com o pretendente que escolheu, um notório libertino.
A infelicidade de Glória a torna suscetível à sedução de outro homem, e eles têm um encontro avassalador, marcado pela descoberta sexual da jovem. Envolvida em uma trama de luxúria, Glória pode conhecer um prazer jamais imaginado, mas será essa a sua chance de viver um grande amor? Skoob
Autora: Veridiana Maenaka
Editora: Verus
Páginas: 350
Nota: 4/5
Olá, pessoal, tudo bem? Hoje eu vim contar a vocês sobre a minha experiência lendo um romance de época nacional: Onde o amor se esconde de Veridiana Maenaka.
O texto é ambientado em São Paulo no início do século XX, o livro nos conta a história de duas amigas muito diferentes. Glória é uma jovem romântica e de família tradicional, ela sonha viver um amor igual aos dos livros. Marisa é uma jovem totalmente a frente do seu tempo. Determinada, ela deseja e acredita que as mulheres devem viver tão livremente quanto os homens e diz que vai casar com o homem que ela desejar.
"Eu gostaria de me casar bem mais tarde, após viver intensamente tudo que me apetecesse. Gostaria de sair a noite, viajar sozinha, fumar. Mas o mundo não é assim, e não serei eu a mudá-lo. Portanto, se devo jogar o jogo que me oferecem, preciso ser especialista em suas regras."
Glória acaba casando com um homem escolhido por seu pai. Um homem sem título, mas rico e ambicioso que ao lhe fazer a corte parecia amável e gentil, mas assim que o casamento é firmado e eles passam a viver como marido e esposa, Glória percebe que nada é exatamente como ela pensou e descobre o tamanho da sua força ao ser obrigada a permanecer nesse casamento. Em contrapartida, Marisa como sempre disse casou-se com quem ela escolheu: um libertino rico que "aprova" a liberdade dos desejos femininos.
Dor, humilhação e reprimenda é o que acompanha Glória no decorrer do seu casamento e a cada ano as coisas vão ficando piores. A todo momento é lhe cobrado um filho, um herdeiro para o marido e a falta dele a faz se sentir cada vez pior, como ela fosse culpada e inútil por não cumprir seus deveres como esposa. Sua dor é levada ao limite até que Glória encontra consolo, descobrindo enfim o que é paixão.
"Todas as partes do meu corpo são ilhas de um arquipélago sensorial cuja exploração parece inesgotável."
Esse livro foi para mim a todo momento uma surpresa. Olhando a capa imaginei uma coisa, lendo a sinopse imaginei outra e nada disso me entregou nem metade do que a trama aborda. Nos levando a acompanhar o crescimento da protagonista, recém-saída da adolescência, cheia de sonhos e sendo atirada em um pesadelo. É triste ler sobre como era o papel da mulher naquela época e mesmo já tendo mudado muito, ainda existe tanto a mudar.
A personagem Marisa foi a maior surpresa de todas para mim. Algumas coisas sobre ela até dá para suspeitar, mas foi tudo maior e com proporções diferentes do que tentei adivinhar. Apesar de Glória ser muito jovem e mimada, e às vezes reagir com birra, ela é forte e mesmo ocasionalmente sendo imatura, quando ela tomou decisões e fez suas escolhas ela encarou todas as consequências disso de cabeça erguida. A pressão da sociedade, a desaprovação do pai, o marido que o tempo todo parecia querer apagá-la depreciando a leveza e a alegria da sua juventude, nada disso a fez perecer.
Queria dizer mais sobre o livro, mas acho que qualquer coisa além seria considerado spoiler e não quero estragar as surpresas de vocês, então fica a dica para quem gosta de romance de época com personagens femininas fortes. Esse foi o primeiro livro nacional do gênero e o primeiro dessa autora que leio e com certeza procurarei outros.
Quotes:
"Sou um corpo quebrado, presa no limbo da meia-vida. Ora morta para todas as sensações, ora desagradavelmente viva. sensível, mas ansiando pela morte."
"Que efêmera a felicidade das moças, não é? Tão logo se descobrem mulheres, sedentas de vida e emoções, têm de se encerrar na prisão do matrimônio. Se o marido é novo e ardente, tanto melhor, mas se não for nada disso..."
"Antes que os olhos se fechem, a coisa mais linda que se pode dizer é que "eu me permiti". Não é "eu me reprimi."
"Quem cavalga pode cair do cavalo, quem anda pode tropeçar, quem nada pode se afogar, quem canta pode desafinar, quem come pode se engasgar...A vida é um risco, minha flor, e nisso reside uma beleza, você não acha?"
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