Resenha: Todo Dia - David Levithan


Neste novo romance, David Levithan leva a criatividade a outro patamar. Seu protagonista, A, acorda todo dia em um corpo diferente. Não importa o lugar, o gênero ou a personalidade, A precisa se adaptar ao novo corpo, mesmo que só por um dia. Depois de 16 anos vivendo assim, A já aprendeu a seguir as próprias regras: nunca interferir, nem se envolver. Até que uma manhã acorda no corpo de Justin e conhece sua namorada, Rhiannon. A partir desse momento, todas as suas prioridades mudam, e, conforme se envolvem mais, lutando para se reencontrar a cada 24 horas, A e Rhiannon precisam questionar tudo em nome do amor. Skoob | Comprar: Amazon

Autor: David Levithan
Páginas: 280
Editora: Galera Record
Nota: 3,5/5

A é um ser diferente de todos os outros. Todo dia A acorda no corpo de uma pessoa diferente com a mesma idade que ele, 16 anos atualmente. Não importa a cor, gênero, religião, opção sexual... No dia seguinte ele pode ser qualquer um da região próxima onde ele mora e nunca ocupa o mesmo corpo duas vezes. Aprendeu com o tempo que é melhor não interferir na vida e rotina do hospedeiro até conhecer Rhiannon e tudo começar a mudar.

"Só A. Inventei esse nome quando era criança. Foi um modo de me manter inteiro, mesmo quando eu ia de corpo em corpo, vida em vida. Precisava de algo puro. Por isso, escolhi a letra A. "

Um dia A acorda no corpo de Justin que namora Rhiannon e percebe algo diferente nela, algo que lhe desperta a vontade de tornar aquele dia especial para ela e é nesse dia totalmente fora do comum para Rhiannon e seu namorado idiota e abusivo que A se apaixona por ela. A partir daí ele tenta lutar contra a vontade de querer ficar junto dela, só que não consegue. Mas como explicar para ela que todo dia ele pode ter uma aparência diferente?

"Todas as manhãs, acordo em um corpo diferente. Tem sido assim desde que nasci. Hoje de manhã, acordei no corpo de Megan Powell, que você está vendo bem na sua frente. Três dias atrás, no sábado, fui Nathan Daldry. Dois dias antes disso, fui Amy Tran, que visitou a escola e passou o dia com você. E, na última segunda-feira, fui Justin, seu namorado. "

Rhiannon pode contar nos dedos as vezes em que Justin foi um namorado decente, mas um dia ele foi realmente atencioso com ela, parecia uma pessoa completamente diferente do que sempre foi, ela não contava que ele realmente não fosse ele, mas A em seu corpo, e essa nova descoberta não vai ser fácil para ela. Como acreditar numa coisa dessas? Parece impossível! Até que ela começa a viver essa história e passa a se questionar sobre o seu relacionamento tóxico e como seria possível um relacionamento com alguém que todo dia é diferente pode dar certo.

Os dois vão aprender muito um com outro. A vai aprender que as vezes vale a pena interferir na vida de seus hospedeiros e Rhiannon vai aprender a ser mais segura quanto ao relacionamento que ela merece. O autor nos mostra nesse livro o que é empatia quando A acorda no corpo de pessoas que tem seus próprios questionamentos, inseguranças e limitações nos fazendo pensar em como seria estar ali vivendo naquela situação.

"Uma vez estive no corpo de uma garota cega — digo a ela. — Quando tinha 11 anos. Talvez 12. Não sei se ela foi minha favorita, mas aprendi mais sendo ela por um dia do que tinha aprendido com a maior parte das pessoas durante um ano. Isso me mostrou como o modo que experimentamos o mundo é arbitrário e individual. Não era apenas o fato de os outros sentidos serem mais aguçados. Também descobrimos meios de navegar no mundo tal como ele se apresenta a nós. Para mim, foi um grande desafio. Mas, para ela, era só a vida. "

Eu já tinha visto a capa desse livro antes, mas nunca tive vontade de lê-lo, nem mesmo a sinopse até ver o trailer do filme. A trama me pareceu tão inusitada que fiquei muito curiosa e tive que ler. Achei várias mensagens bonitas no livro sobre a questão da aparência das pessoas, como a imagem importa pra tanta gente, ao mesmo tempo que não deveria importar porque deveríamos valorizar de verdade quem as pessoas são por dentro, sua personalidade, suas histórias.

"Eu queria ter amigos, uma mãe, um pai, um cachorro. Mas não podia me apegar a nenhum deles mais do que por um dia. "

Eu me senti muito compadecida com A. De ele não poder, muitas vezes, se sentir ou ser ele mesmo, de ele não se sentir inteiro, sempre levando a vida automática de outra pessoa, sem nenhum controle sobre a mudança de corpo que ele sofre diariamente, sem poder nunca, desde sua infância, ter podido fazer planos futuros ou se apegar a ninguém porque essas pessoas não estariam lá com ele no dia seguinte. Queria saber mais sobre sobre, sua origem e tal, mas quando eu achei que teria essas respostas a trama volta ao romance e não toca mais no assunto, mas deixa um gancho para uma possível continuação. O autor até escreveu outro livro, mas para contar a mesma história pelo ponto de vista de Rhiannon e por mais que tenha gostado das várias questões apresentadas no livro, o romance não me conquistou o bastante para ler "Outro dia", pelo menos por enquanto. Mas vale muito a leitura pela reflexão que ele causa e estou aqui na expectativa de que talvez no filme o romance seja mais envolvente.


Quotes:
"Tudo o que tenho é o amanhã." 
"Mesmo no corredor lotado, tem alguma coisa nela que irradia até mim."
"É como se, ao amar alguém, essa pessoa se tornasse sua razão. E talvez seja o inverso; talvez eu tenha me apaixonado por ela porque preciso de uma razão. Mas não acho que seja isso. Acho que eu teria continuado, invisível, se eu não a tivesse conhecido."
"Eu não queria fazer isso. Não queria me apaixonar por você. Mas aconteceu. E não posso apagar. Não posso ignorar. Vivi toda minha vida desse jeito, mas você é a única coisa que me faz desejar não ser mais assim."
"O corpo dela é o mesmo. Mas, na maior parte do tempo, sinto como se estivesse sempre encontrando uma Rhiannon um pouco diferente. Como se cada humor tivesse uma variação."
"Se você olhar para o centro do universo, existe frieza lá. Um vazio. No final das contas, o universo não se importa conosco. O tempo não se importa conosco. É por este motivo que temos que cuidar um do outro."

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